domingo, 21 de junho de 2009

fantasma escritor

Quando eu tinha tipo uns 10 anos, adorava assistir a uma série chamada fantasma escritor, no discovery kids. Ghost writer, em inglês, idioma original do programa.

Na minha inocência, me imaginava ali entre as personagens, desvendando mistérios com a ajuda do "amigo" fantasioso, hábil com as palavras e inteligentíssimo, apesar de invisível. Para mim, o ghost writer era isso e ponto. Nasci, vivia e morria ao toque de um botão no controle remoto.



Há algum tempo, li um livro de Clarisse que me deu um "aloooou". Não me lembro quem era a cara que ia para o jornal, todos as semanas, como autora dos textos da minha preferida. Fiquei imaginando como seria ver todas as semanas as pessoas comentando algo que você fez, mas que alguém leva o mérito (ou mesmo o demérito) por isso.

Há ainda menos tempo, assisti a um trailler que me mostrava bem essa cara. Acho que o filme ainda nem entrou em cartaz, na verdade. É com Giovana Antonelli e Caco Ciocler, mas não me recordo do nome. O rapaz escreve livros e mais livros que são assinados por personlidades. Ele não liga de ficar por detrás dos panos, até que sua mulher, envolvida pelo "charme" do pseudoescritor faz pouco caso da sua carreira. A cara de nada que ele faz é ótima, até explodir e pôr pra fora seu potencial/currículo/raiva/ciume.....

Dia desses, comecei eu, modestamente, a fazer parte do ramo de fastasmas escritores. Na empresa em que trabalho, comentaristas esportivos tem blogs. Dentre os mais de 15 colaboradores, um alega não ter tempo para sentar na cadeira e escrever. Mesmo com erros, mesmo sem precisar usar norma culta. Aí vem Lisa. O chefe explica o que é preciso fazer, e ela transforma uma mensagem cifrada de uma linha em um texto de 5 parágrafos, manda de volta para aprovação do "dono", e publica. Isso vira uma rotina. Quando não há mensagens cifradas, ela sugere temas a serem comentados, liga para procurar alguma frase que seja para servir de base para a publicação.

Depois, Lisa modera os comentários. Apaga os que têm palavrões, aceita todos os outros que são feitos, mesmo que com críticas ásperas. Aí vem a dúvida: para quem são as críticas??? Os leitores, pobres, acham que estão falando para o nome que fica no alto, do lado da foto. Mal sabem eles que quem assina não têm ideia do retorno das "suas" postagens.

Neste domingo, João Ubaldo Ribeiro foi simplesmente 10. Li cada linha do globo feliz da vida de alguém externar o que é feito com tanta frequência, mas que poucos se ligam ou dão atenção. Lula agora será colunista. Mas quem se ilude que nosso viajadíssimo governante irá escrever uma única linha? Quem se ilude que ele irá sequer ler o que escrevem em seu nome?



Para que pensar nisso? Hoje em dia há quem escreva por nós, pense por nós... Se importar? Pra quê?

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